Um coração novo e enrugado


Dentre tantas e tantas páginas lidas, nada que a absorvesse.
Para alguém que já sentiu demais, agora tudo lhe afetava de menos.
Nada de lágrimas. Apenas umas poucas torcidas a força, vez ou outra...
Chegara a um patamar de desilusão em que tinha de obrigar-se a sentir, a acreditar.
Era sempre assim: em um momento era traço, n’outra era dívida. Dívida com si própria.
Antes queria arrancar o coração pela garganta, antes que explodisse de tanto sentimento. Hoje o arrancaria para assoprar, estufar... ver se preenchia.
Uma falta de amor, uma marca de aliança vazia.
Uma espera, muita vontade.
No cesto de sua bicicleta, a angustia e uma tesoura. Pesava, fazia com que pedalasse devagar e, talvez, fosse melhor: tentar chegar a algum lugar, sem se preocupar se fosse lugar algum.
Sóbria. Sem medo.
A lentidão permitia com que conhecesse melhor o caminho (...)
Recortou-o de si, não pela garganta. Pela alma.

Comentários

  1. Caramba, que profundo!
    Talvez algumas experiências que passamos durante a vida, nos torne um pouco desse jeito, com uma certeza frieza, um pouco de vazio, talvez bastante de solidão e reflexão.
    Eu geralmente me estendo um pouco mais nos comentários, mas esse texto deixou-me sem palavras. Muito bom!
    Beijos!

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