O Tempo Verbal e o Escambal

Havia um corpo recheado, uma alma transbordante e, entre os dois pontos, uma dor aguda e inexplicável. Por que? Não lhe faltava pedaços, não havia motivo para entristecer-se. Nada. Nada encontrado pelos médicos nem pelos médiuns, porém, ainda doía. Sofia sofria cronicamente e ninguém nesse mundo sabia explicar a razão.
Não era nada que a impedisse de continuar vivendo e transbordando intensidade, ela só lembrava da dor aguda quando silenciava-se e voltava a atenção para o nada, o “nada” que doía, machucava.
Sofia saía, bebia, sorria, amava e compartilhava, por fim, acreditava que vivia.
Certa tarde resolveu correr em um bosque próximo a cidade, nenhum motivo especial, apenas gostava e sentia falta do habito que há algum tempo o tempo retirou-lhe. Músicas no ipod, protetor solar e água. Nem sentia os minutos passando, a impressão era de que eles não conseguiam alcança-la, foi quando materializou-se próximo a uma pedra um contorno que logo por ela fora reconhecido: um falecido amor, porém, jamais esquecido. Seus nomes na árvore unidos por um coração, piegas como quase tudo feito quando se ama pela primeira vez. Então lhe veio à mente um pensamento qualquer: posso escapar do futuro, adiar o presente, mas o passado é o tempo mais ligeiro de todos. Aquilo tudo, de primeiro momento, não foi-lhe um grande baque. Continuou correndo.
Alguns metros a frente sentiu-a novamente: a dor, a tal dor de nada que, dessa vez, feriu-a como uma punhalada. Caiu no chão ajoelhada, soltou a garrafa d’ água, a mão foi ao coração e, com medo da morte, soltou ao ar uma oração. À medida que a dor aumentava, Sofia deitava no chão; não suportou, faleceu. Acabou (...)
Quando encontrada, seus olhos miravam sua última visão: um amor jurado de eternidade em uma árvore, gravado à faca, em formato de coração.

Se inventarem um remédio pra dor de “nada” que me impeça passar por essa triste situação, agradeço-lhes antecipadamente a informação. Não quero um triste fim mascarado de passado, nem um amor eterno que não possa ser amado..

p.s. Peço desculpas, confesso que não estou tão certa se isso deveria ser postado ou não, nem sei se gostei mas, enfim, deixo o julgamento a mérito de vcs, meus queridos! :*

Comentários

  1. Manolita, quanto tempo que eu não passo por aqui rs
    Deletei meu blog e acabei perdendo, junto com ele, os blogs que visitava, mas recuperei :B
    Caramba, confesso que não tenho muito o que dizer, porque seu texto disse parte -ou muito- do que venho passando, principalmente aqui: "posso escapar do futuro, adiar o presente, mas o passado é o tempo mais ligeiro de todos".
    Seguir em frente é uma coisa simples, o que deixar para trás é o difícil.

    Desculpe a ausência, prometo passar aqui com mais frequência.
    Ah! Quanto ao p.s. que deixou, saiba que sim, deveria ter postado esse texto rs

    Beijos moça =)

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